segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

No mundo sem sonhos, novembro de 2016.

No mundo sem sonhos, novembro de 2016.

Aceso o cigarro queima lentamente, o barulho da maquina de escrever que antes era muito intenso, agora da lugar a um silencio mórbido. A cortina de fumaça se desfaz rapidamente com o giro das pás do ventilador. O som opaco do silencio, barulheia ao som do nada, sendo até perceptível a combustão do tabaco.

Há senhor sentado no canto da cama.

Ele se esconde de algo muito triste. Se esconde dele mesmo. Se esconde do silencio.

A luz ameaça falhar, o breu momentâneo é o suficiente para um rápido trago. A falta de luz pareceu abafar o som. A cabeça levanta em direção ao nada e o olhar perdido incomoda a visão. A luz reascende.
Há barulho de passos lá fora. Pode ser o vizinho, pensa ele sem pestanejar. Apruma o corpo como quem não acreditara em sua própria assertiva. Insiste em levantar, mas o sono já não deixa. Percebe o esforço que havia cometido em vão.

Se rasteja pela cama. Até o provável ponto de sua preferência. Fecha os  olhos e parece não mas se importar.

Acreditou que era o vizinho....Mais cinco minutos e podemos entrar.
Buscar para nós o que é de direito. Buscar o que nos fora injetado. Buscar a cura do que nos assolou. Buscar o que se come frio. Buscar a tão esperada e tão almejada vingança.


...


A tempos atrás nos inícios de 2011, quando se pensava no fim do mundo em 2012, acreditávamos que poderíamos salvar o mundo. Mudanças de hábitos, convivência entre os povos, distribuição de renda, outros mundos possíveis, economia solidaria, softwear livre nos eram planejados em perfeita sintonia.

Acreditávamos nas mudança de base, alguns por atrelamento de classes e outro até pelo anarquismo. Mudanças eram sonhadas, planos traçados, melhores mundos construídos...

Mais naquela tarde de sexta algo mudou...

A massa critica pedalava pela rua, punks, universitários, famílias estavam ali. Tatuados ou não, com cabelos curtos ou bagunçados, todos ali pedalavam para a construção de um sonho, todos ainda tinham alguma esperança.

Todos ainda sonhavam.

O bancário Ricardo José Neis acelerou. Ele era o representante daquilo tudo contra o que lutávamos e acelerou. 


Corpos espalhado pelo chão. Ferro retorcido. Sangue.  Revolta. Perseguição. Divulgação. Tristeza. Agonia. DOR.

Só choro restou.







Campanhas foram feitas. Bicicletas tomaram timidamente as ruas. O jornal seguiu o caso como forma de fazer dinheiro. Artistas e famosos apoiaram a campanha. O miojo midiático ferveu como nuca na historia jornalística dos últimos 15 minutos. 

Mais naquela época um dia já era muito tempo...

O vervilhão cessou aos poucos, Esfriou como o miojo que repousa sobre a bancada. Ele esfriou.

Não Desistimos. Tentamos requentalo diversas vezes, mandavam noticias que circulavam cada vez menos nas caixas postais do gmail, fizemos passeatas de um, dois, três anos do maldito aniversário do incidente.




Hoje o Jornal Nacional lançou os depoimentos do monstrorista, bem como uma testemunha dizendo que estava no carro de trás do mesmo, e que também teriam agredido seu carro. Como era de se esperar, o Jornal Nacional decepciona.    
   
Esse é o típico “monstrorista” jargão usado entre os ciclistas para classificar o motorista que usa o seu carro deliberadamente com o uma arma.

Impunidade!!!







O miojo esfriou;

O bancário se apresentou poucas vezes ao júri. Com uma leve multa simbólica e alguns trocados achou que tudo havia passado.

Voltou a trafegar pelas ruas despercebido.

E em pouco mais de 3 anos estava com a ficha limpa e sua vida burocrática de volta.


...


Mais nós não esquecemos.
Como esquecer?

...


Entramos no quarto todos de capuz, como em um faroeste respirávamos ofegantes, passar pela segurança daquele prédio não foi fácil, subornamos mais de três pessoas que a essa hora já não se orgulham do que fizeram.

Subimos a escada e observamos.
entravamos no quarto de capuz.

Brad lhe tapou a boca com um travesseiro e com uma forte pressão não deixou nem um ruído escapar. Víamos o maldito ser se debater enquanto preparávamos as ferramentas.

Ernesto acendeu o charuto e queimava centímetro a centímetro da barriga de Ricardo. Olga buscou água gelada para lhe acordar entre um desmaio e outro, enquanto brincava de dar choques em seu falo. Zapata escrevia poesias com seu canivete, e fazia a pele dele como papel.

O  sangue jorrava como água, e a essa altura o motorista havia parado de se debater. Brad substitui o 
travesseiro por uma simples silver tape, pois também queria brincar, com um maçarico queimava a ponta dos dedos do motorista em um sadismo muito nobre.

Filmamos tudo, pretendíamos um dia usar aquele video, quem sabe até faze-lo passara em rede nacional, quem sabe.

Mais ainda faltava o castigo final.

Levamos o motorista arrastado pela escada,  o rastro de sangue coloria os degraus brancos do prédio. A cabeça fazia um som agudo quando repicava no chão, mas descíamos lentamente pois pretendíamos guardá-lo lúcido para o gran final.

O posicionamos no meio da avenida movimentada, e a pulos de bicicleta amassamos seus miolos no chão de asfalto.

Havíamos lavado ali o sangue que o maldito bancário derramou.

E daqui pra frente é assim... Olho por olho, dente por dente.

a nossa justiça agora é essa....








      

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